NIILISMO ECLESIÁSTICO:
UMA ANÁLISE DO MOVIMENTO DOS DESIGREJADOS
Pr. Idauro de Oliveira Campos Júnior
No ano de 2010 o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou os dados censitários de uma
ampla análise desenvolvida pelo POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares), onde,
entre outros temas, avaliou a performance da religiosidade do brasileiro. Na
pesquisa foi apontada que, em termos de identidade religiosa, o grupo que mais
cresceu foi dos que se declararam “sem religião”. Algo surpreendente no Brasil,
que sempre se orgulhou de ser o “o maior país católico do mundo”. Além disso,
outro dado divulgado e que muito chamou a atenção foi a identificação de um
ator social até bem pouco tempo inexistente no extrato religioso em nosso
território: o evangélico nominal, isto é, sem vínculo eclesiástico, ou, como
ficou conhecido, desigrejado. De acordo com o IBGE, já são mais de
quatro milhões de evangélicos em tal situação. São cristãos protestantes,
identificados com as doutrinas fundamentais de fé cristã (creem, portanto, no
nascimento virginal de Cristo, na sua morte expiatória, na ressurreição, na
Segunda Vinda e na vida eterna aos fiéis; celebram a Ceia e passam pelas águas
do batismo), mas que se recusam a congregar, pois não acreditam mais na
necessidade e relevância da igreja institucional.
A amostragem dos dados que comprovam o fenômeno
chamou a atenção da mídia cristã especializada1 e também da secular2, pois, historicamente era
conhecido no que tange ao comportamento dos evangélicos no Brasil, por duas
características que sobressaíam: o hábito da leitura da Bíblia e a
pertença eclesiástica. Contudo, com a revelação do contingente
impressionante de desigrejados3, a noção e o valor da pertença entre os evangélicos já vem sendo
questionada, aproximando-se, portanto, dos católicos nominais,
despertando a curiosidade de pesquisadores das Ciências da Religião e dos
próprios órgãos de imprensa.
A repercussão
Assim que os dados foram divulgados, uma série
de reportagens, livros e sites começou a circular, tentando entender o
fenômeno. A Revista Cristianismo Hoje, prestigiada publicação
cristã e braço brasileiro da Christianity Today, publicou duas
matérias sobre o assunto4. Até aí, nada surpreendente, visto ser natural que um periódico
cristão de linha protestante repercutisse um assunto que atinge em cheio a
realidade eclesiástica no Brasil. Entretanto, as Revistas Isto É e Época (esta
última de responsabilidade das Organizações Globo) e também o importante jornal
Folha de São Paulo publicaram matérias sobre o assunto, evidenciando a
importância do movimento para a compreensão do fenômeno religioso brasileiro.
Editoras cristãs também entraram em cena, propondo reflexões sobre a tendência
e, como não poderia ser diferente em tempos virtuais, sites e blogs também
resolveram contribuir e/ou tumultuar o debate.
O histórico da repercussão no Brasil
a) Augustus Nicodemus Lopes publica no blog Tempora-Mores, em
abril de 2010, um artigo intitulado “Os Desigrejados” e populariza tanto o
conceito quanto o uso do termo no Brasil. Início de minha pesquisa.
b) Maurício Zágari publica em 2010, na revista Cristianismo Hoje,
artigo intitulado: “Decepcionados com a Igreja”.
c) Em 2010 a Revista Época publica matéria de capa, “A Nova
Reforma Protestante”, com evangélicos insatisfeitos com os modelos tradicionais
de igreja.
d) Jornal Folha de São Paulo publica, em 2011, matéria
intitulada “Cresce o número de evangélicos sem ligação com igrejas”.
e) Revista Isto É publica, em 2011, matéria de capa “O
Novo Retrato da Fé no Brasil” – nomadismo religioso.
f) Sites como Genizah e Púlpito Cristão multiplicam
o assunto nas redes sociais.
Um fenômeno mundial (pós-modernidade)
Há no mundo contemporâneo uma crise de pertença,
sobretudo, religiosa. Nos Estados Unidos da América (a maior nação protestante
do mundo) e na Europa (berço das mais conhecidas denominações cristãs, como as
Igrejas Anglicana, Luterana, Presbiteriana, Batista, Congregacional e
Metodista, Exército da Salvação, entre outras) a marcha dos desigrejados é um
fenômeno conhecido e discutido. Obras importantes5 e outras polêmicas6 já vieram a lume para
esclarecer e/ou polemizar a questão. Portanto, longe de ser um movimento
isolado manifesto apenas em nosso país, o que vem ocorrendo é uma expressão
nacional de onda de deserção institucional de grandes proporções que alcança o
mundo inteiro, consequência, sem dúvida, da pós-modernidade que questiona e
relativiza afirmações e conteúdos antes considerados absolutos e inegociáveis,
gerando, assim, desencaixe em todas as esferas da sociedade, atingindo todas as
expressões institucionais: partidos políticos, sistemas de governo, utopias,
convenções familiares, casamento, religião, igrejas etc., pois, conforme
denunciou Zygmunt Bauman, “as estruturas estão se decompondo em face dos Tempos
Líquidos”.7
Os números do fenômeno no mundo8
a) Estados Unidos da América - 20 milhões de
desigrejados* (pouco mais de 13% da população protestante que é constituída por
mais de 154 milhões de americanos- 51% do total da população do país que está
acima de 308 milhões) –
b) França /1990 – 80% da população se declarava cristã. Em 2007 o
percentual caiu para 57%.
c) Inglaterra / 1999-2000 - 56 % dos entrevistados se declararam ateus ou
agnósticos.
d) Continente Europeu - Apenas 21% dos entrevistados reconhecem a
relevância da religião para a vida.
Os números do fenômeno no Brasil9
a) 4 milhões
são os brasileiros que se declaram evangélicos, mas não têm vinculação
eclesiástica; o percentual de evangélicos nesta situação é de 10%.
b) 62% dos desigrejados são egressos de denominações neopentecostais,
cuja ênfase é a teologia da prosperidade;
c) 63% dos respondentes declararam que voltariam a se vincular a uma
comunidade que não apresentasse os vícios e malversações que os afastaram da
comunhão;
d) 29% dizem que não pretendem manter vínculo com outra igreja novamente;
e) 5,6 anos é o tempo médio de conversão dos desigrejados.
As causas do niilismo eclesiástico e quem são
os desigrejados?
Por
Niilismo Eclesiástico podemos entender como a proposta de muitos cristãos que
“advogam um cristianismo totalmente despido de formas, estruturas e concretude
institucional”10. O termo foi empregado por Émile G. Léonard, na obra O
Protestantismo Brasileiro11. O historiador empregou o termo a referir-se aos darbistas,
movimento religioso inglês do século XIX, praticante do niilismo eclesiástico.
Quais
as causas e/ou razões para o desengajamento eclesiástico? Por que tantos
cristãos contemporâneos rejeitam o modelo institucional de igreja?
A decepção e a crítica
Quando
analisamos de perto o fenômeno dos desigrejados, a partir de entrevistas e
publicações editoriais e/ou virtuais, podemos perceber a consolidação de dois
grupos majoritários no cenário: os decepcionados com a liderança e os
críticos do modus operandi da institucionalização da igreja.12 Os decepcionados são
aqueles que sofreram abuso espiritual por parte das lideranças eclesiásticas
(pastores, bispos e apóstolos) nas comunidades de fé onde congregavam ou que se
frustraram com promessas (de cura, libertação, bem-estar pessoal/familiar ou
prosperidade financeira) realizadas em nome de Deus e que nunca se cumpriram. A
jornalista Marília de Camargo César e o teólogo Paulo Romeiro escreveram obras
de referência13 quanto ao tema do abuso espiritual e da decepção consequente
gerada nos crentes. Casos de despotismo, dinastia familiar, acepção de pessoas,
intrigas, disputas, coação, manipulação, constrangimento, humilhação, ofensas,
ameaças, mentiras, além do enriquecimento ilícito por parte das lideranças
pastorais, são apresentados na comovente obra de Marília, explicando o porquê
muito dos entrevistados que aparecem em seu livro ficaram profundamente
decepcionados com o que viram, ouviram, presenciaram e experimentaram nas greis
em que dedicaram parte de suas vidas e decidiram, então, abandoná-las.
O livro da jornalista é ao mesmo tempo denúncia,
alerta e apelo. Denúncia, pois revela o que acontece nos bastidores de muitas
igrejas, lideradas por figuras personalistas que usam as pessoas da congregação
como massa de manobra para se promoverem e enriqueceram e pouco se importam com
as necessidades e demandas espirituais dos seus membros. É também um alerta
para que outras pessoas não sejam enganadas e submetidas a uma liderança
pastoral que comece a demonstrar os mesmos sinais no ministério. Serve para os
próprios pastores, porquanto é notório que muitos começam no pastorado tendo em
mente as melhores aspirações de serviço e vocação, desejosos de fazerem um
trabalho digno e para a glória de Deus, mas que, por motivos variados,
terminaram mudando o foco de seus ministérios, agindo mais como empresários da
fé do que como legítimos pastores, despenseiros da graça de Deus. Mas a obra de
Marília é, ainda, um apelo. Um apelo para aqueles que estão nas igrejas a
olharem com misericórdia para muitos daqueles que desertaram e que estão longe
de serem apenas pessoas “complicadas” ou “esquisitas”. Que há muitas pessoas
assim em nossas igrejas (e que as deixaram) é indiscutível, mas o que Marília
faz é nos chamar a atenção para muitos que estão fora da igreja e relutam
contra a ideia de um retorno, pois estão machucados, com enormes feridas ainda
abertas e sangrando. Como poderiam, então, retornar para um ambiente que, ao
invés de ser uma comunidade terapêutica por excelência, foi, na prática,
causadora de dor, frustração e mágoa? Não seria, destarte, necessária uma
prática pastoral carregada de amor, perdão, paciência e graça para com os que
se encontram em tal situação?
Há também os que se decepcionaram com aquilo que
lhes foi prometido e que não aconteceu. São muitos os casos trazidos à tona
pelo pastor, teólogo e doutor em Ciências da Religião, Paulo Romeiro que, em
seu instigante livro, “Decepcionados com a Graça”, revela em suas páginas a
saga de muitos cristãos sinceros que caíram nas teias ministeriais de pastores
e líderes comprometidos com a Teologia da Prosperidade e que acreditaram
piamente que, seguido um esquema fixo de obediência irrestrita ao pastor mais a
fidelidade / regularidade dizimal, alçariam uma vida de bem-estar físico,
psicológico, familiar e social, com uma inevitável e inquestionável
prosperidade financeira. Entretanto, como se sabe, como tal, em grande medida,
não ocorre, o que vem é frustração, raiva e, em muitos casos, deserção.
Romeiro, inclusive, propõe uma sequência: primeiro “ocorrem o
deslumbramento, a expectativa e a entrega pessoal pela causa e a confiança
despreocupada na proposta do grupo”, mas, conforme declara, “com o tempo,
porém, vêm os questionamentos relativos à linha de pregação, à administração
financeira ou às questões éticas, provocando o rompimento”.15
Contudo, não só de decepcionados o movimento dos
desigrejados engrossa, porquanto nas suas fileiras existem muitos que não possuem
nenhum histórico de decepção (até onde assumem), mas que são ou se tornaram
detratores do sistema, ou seja, críticos do modos operandi e da
institucionalização da igreja. Algumas destas vozes são conhecidas por aqui,16 enquanto, que, outras, são
famosas nos Estados Unidos da América,17 mas também já formam discípulos no Brasil.18 Neste caso específico o
problema não está, segundo eles, nas lideranças eclesiásticas arbitrárias
(estes são apenas parte do problema do cristianismo contemporâneo), mas sim nas
engrenagens funcionais que mantém a igreja em operação no mundo, pois em face
da necessidade de manutenção institucional, a igreja terminou perdendo seu
vigor espiritual e sua dimensão profética, tornando-se mais um clube de
encontros religiosos, onde se canta, se aplaude, faz-se doações em dinheiros e
assiste-se a palestras irrelevantes.
Templos, os pastores e seus sermões: o X da
questão
Para
os críticos do modus operandi da institucionalização da
igreja, há vários problemas na igreja como a conhecemos hoje que a prejudica e
a distancia do alvo planejado por Jesus Cristo. Segundo os mesmos, entre os
pontos críticos da igreja contemporânea está a necessidade de construção dos
templos. Talvez nada cause mais urticária em um desigrejado do que um típico
templo de alvenaria. Para os desigrejados o templo “construído por mãos
humanas”, não passa de uma corrupção dos propósitos de Deus para a sua igreja e
de uma maldita influência do paganismo grego que existe desde os primórdios da
era constantiniana19 e que entrou no cristianismo, gerando aquilo que um dos mais
habilidosos críticos da igreja contemporânea20 chama de “complexo arquitetônico”21. Frank Viola, é um escritor
norte-americano conhecido por sua indignação com o cristianismo, sendo autor de
algumas obras que propõe um total desmoronamento da igreja como é conhecida
hoje.22 Aliás, segundo o polêmico escritor, a igreja como a conhecemos
não tem direito algum de continuar existindo e uma das infames práticas que a
prejudicam completamente é a construção de templos, porquanto carrega o
conceito de que igreja é um lugar onde se vai e não os filhos de Deus, que
juntos foram a verdadeira e única eclésia de Jesus Cristo. Tal conceito,
explica Viola, de igreja como lugar sagrado, deriva do ano 190 d.C., em que
Clemente de Alexandria (150-215 d.C.) passou a ensinar em tais termos, ganhando
força, quando da ocasião da conversão ao cristianismo do Imperador Constantino,
no século IV, porquanto, ao tornar-se cristão, promulga o famoso Edito de Milão
(313 d.C), no qual a liberdade do culto cristão foi assegurada, abrindo
passagem para a oficialização do cristianismo como religião do Império Romano
em anos subsequentes.23 Com o fim da perseguição, os cristãos, antes reunidos em casas,
cavernas e outros lugares seguros, passaram a fazer as reuniões em lugares
públicos, estendendo para construção de templos, os quais muitos foram
incentivados e até mesmo financiados pelo Império Romano.
Quanto aos pastores, no niilismo eclesiástico
não há lugar para ministros ou pastores ordenados. Como a igreja é apenas
espiritual e logo, imaterial, sendo, destarte, despida de sacramentos e
ordenações, não há, obviamente, necessidade para pastores ordenados. Este,
então, configura em outra tensão para os desigrejados, pois, conforme
acreditam, o pastor, conforme se conhece hoje, não é bíblico, porquanto a única
vez em que o termo aparece no singular no Novo Testamento é atribuída a Jesus
Cristo (Jo 10. 11) e quando Paulo aplica a funcionalidade do “dom de pastor” à
igreja, ele o faz empregando o termo no plural (pastores = Ef 4.11), sugerindo,
então, que a prática neotestamentária do pastorado era exercida em conjunto
pelos cristãos dotados com a capacidade de cuidar24 dos demais irmãos, não
havendo naqueles tempos, em igreja alguma, a figura do pastor único (pastor -
titular; pastor-presidente; pastor-sênior).
Finalmente, na tríade maligna, os desigrejados
também criticam o sermão, visto que na época de Jesus Cristo as pregações não
eram sistematizadas, mas, ao contrário, realizadas de forma espontânea e
inesperada, tendo como ponto de partida o cotidiano real das pessoas nos
contextos onde os encontros casuais com Jesus aconteciam. Os desigrejados, então,
veem nesta forma a única legítima para instruir o povo de Deus. Destarte, nada
de liturgia, sermões com introdução, desenvolvimento e conclusão e, muitos
menos elaborados como se fosse uma palestra. Como não poderia ser diferente,
enxergam também neste ponto as garras do Lúcifer, porquanto afirmam que o
sermão estruturado entrou nas comunidades cristãs por causa dos sofistas
gregos, mestres da retórica e que quando se tornaram cristãos levaram para o
ambiente da fé a prática dos discursos eloquentes, estruturados e comoventes.
Nada tendo de cristão, portanto, o sermão é também pagão (segundo os
desigrejados).
Críticos no Brasil?
As vozes discordantes do cristianismo oficial
não emitem seus sons apenas dos Estados Unidos. Há, no Brasil, líderes
conhecidos que demonstram sua insatisfação com os modelos institucionais de
igreja cristã. O caso mais conhecido e polêmico é do pastor Caio Fábio D’Araújo
Filho, que, em recente entrevista concedida aos repórteres de Cristianismo
Hoje, declarou que mais de três milhões de pessoas, muitas delas
desigrejadas, abastecem-se de tudo o que é produzido em seu ministério, o
Caminho da Graça, uma alternativa de comunhão cristã, que tem em Caio Fábio o
seu mentor principal.25 Caio Fábio é hoje um crítico dos mais intensos da igreja
evangélica, e sem cerimônia afirma que o cristianismo, seja em sua expressão
católica ou protestante, não passa de um fenômeno sociológico, tendo suas
raízes históricas em Constantino. Em seu atual ministério, não há templos
construídos, pastores ordenados, estatutos. Contudo, há locais e horas de
celebração, pregação, louvor e ofertório. Uma demonstração prática que ainda
que se esforcem ao máximo, teóricos do niilismo eclesiástico jamais conseguiram
eliminar por completo formas e estruturas. Pelo contrário, um mínimo delas
sempre permanecerá, pois é inevitável aos ajuntamentos. Outro desigrejado
celebrado por estas terras tupiniquins é Paulo Brabo, autor de A Bacia
das Almas – Confissões de ex-dependente de Igreja, publicada em 2009,
pela editora Mundo Cristão.
Nada há, pois, de novo abaixo do sol (Ec 1.9)
- O que diz a História da Igreja?
Afinal,
o movimento dos desigrejados é novo? Ou, conforme asseverou George Barna, um
entusiasta do movimento nos Estados Unidos, trata-se uma revolução? Nada
como a História da Igreja para ajudar a acalmar os ânimos e colocar sob
perspectivas mais sóbrias determinadas manifestações no seio do cristianismo.
Ao analisar os dois mil anos de história, podemos alistar nada menos que dez
movimentos de deserção eclesiástica. Isso mesmo, dez! E dez, entre outros! De
Montano (século II) a Dietrich Bonhoeffer (século XX), a igreja de Jesus Cristo
se deparou com críticos de seu sistema, ensino, dogmas, doutrina e instituição.
Às vezes por motivos corretos e outras vezes nem
tanto, o fato é que muitas vozes importantes dentro da igreja se levantaram
para atacar sua estrutura. Não apenas propondo uma purificação e santidade, mas
até o seu total desaparecimento institucional. Muitas destas vozes
apontaram para algo que hoje os desigrejados pensam que são os primeiros a
fazerem. De quem eram essas vozes? E que movimentos foram estes? Alistaremos
três, em épocas estanques da história: o montanismo, o joaquimismo e o
darbismo.
A insatisfação de Montano (Século II)
Montano foi um sacerdote pagão da região da
Frígia (atual Turquia) que se converteu ao cristianismo por volta do século II.
Ao lado de duas profetisas (Priscila e Maximila) organizou, no ano de 155,27 um movimento de reação ao
cristianismo ensinado pelos bispos, herdeiros espirituais dos apóstolos, por
considerá-lo por demais formal, dependente de uma liderança humana e pouco
aberto à direção do Espírito Santo. Acreditando que a igreja estava
espiritualmente morta e acusando os bispos cristãos de “destituídos de vida,
corruptos e apóstatas”,28 Montano se apresentava como alguém que passava por
experiências extáticas, declarando que o Espírito Santo o usava para falar
diretamente aos homens e relativizava o conceito já crescente na época de que
os escritos apostólicos seriam o caminho mais seguro para se conhecer a vontade
de Deus. Aliás, quanto a este ponto, o sacerdote da Frígia acreditava ser
exagerada a ideia de uma supremacia dos textos sagrados quanto à vontade
revelada de Deus, pois, alegava que isto terminaria restringindo a atuação do
Espírito a um mero texto escrito em papel. Além da indisposição com a institucionalização
do cristianismo, cujas expressões eram o fortalecimento do clero e o conceito
de uma ortodoxia, Montano também afirmou que a segunda vinda de Cristo
aconteceria na Frígia.
O montanismo cresceu29 e se tornou uma alternativa
vigorosa na época, uma vez que os seguidores de Montano conseguiram fundar
diversas congregações que rivalizaram com as comunidades dirigidas por bispos
ligados ao cristianismo oficial.30 O movimento era chamado de Nova Revelação e Nova Profecia.31 Sendo acusado de heresia,
Montano e todos os seus discípulos foram excomungados da Igreja Cristã,
configurando, assim, no primeiro caso de divisão da história do cristianismo.
Ecclesia Spirituallis: o sonho de Joaquim de Fiore (século XII)
Após a virada do milênio muitos foram os
questionamentos sobre os rumos do cristianismo. Havia uma intensa inquietação
com o poder e a projeção que a igreja e o papado alcançaram no mundo. Muito
mais do que uma agência de propagação do Evangelho do Senhor Jesus Cristo e
encarnação dos valores do Reino de Deus, a igreja havia se tornado uma
potestade com fortíssima presença na condução da política dos reinos que
existiam na Idade Média. Preocupado com essa presença institucional foi que um
monge cisterciense, nascido na Calábria em 1135, chamado Giovanni dei
Gioachini e conhecido historicamente como Joaquim de Fiore,
começou a pregar e ensinar que haveria de se manifestar no mundo uma nova
igreja, despida de toda materialidade e sem qualquer necessidade clerical
e que seria trazida através da religião dos monges, sendo, destarte, “uma nova
Igreja, livre e espiritual, humilde e silenciosa”,32 substituindo a “Igreja dos
Clérigos e dos doutores”.33 As ideias de Joaquim de Fiore germinaram, produzindo muitos joaquimitas
que, no decorrer dos anos, especialmente após a sua morte, em 1202, resistiram
fortemente à hierarquia eclesiástica da igreja romana.
O sectarismo de John Nelson Darby (século
XIX)
Nas ilhas britânicas do século XIX, um grupo de
cristãos insatisfeitos com o estado da igreja protestante que consideravam
formal e sem vigor espiritual, começou a ler as Escrituras Sagradas e celebrar
a Ceia do Senhor, sem a presença de um ministro ordenado. Tais manifestações
foram espontâneas e descentralizadas, mas, sem dúvida, o grupo praticante dessa
forma livre e desengajada de igreja que ficou mais conhecido na Inglaterra e,
posteriormente, em toda Europa, tornando-se proeminente, foi o de Plymouth.34 Seus participantes ficaram
conhecidos como os Irmãos de Plymouth, que mais tarde receberam a alcunha de
darbistas, por causa de um dos seus membros que se tornou um grande defensor
das ideias do movimento, chamado John Nelson Darby (1800-1882). Advogado e
teólogo anglicano, John Nelson Darby uniu-se aos Irmãos em 1821, ao
decepcionar-se com a degradação espiritual da igreja inglesa. Dono de uma mente
brilhante, Darby pregava fluentemente em alemão, francês e, claro, inglês,
idiomas em que traduziu o Novo Testamento. Publicou mais de 50 livros e, em
1848, se tornou a mais importante voz do movimento dos Irmãos de Plymouth.35
Os darbistas acreditavam que a igreja nunca
conseguiu se livrar totalmente das tradições humanas que surgiram no seio da
mesma após a morte dos apóstolos e no início da Patrística. Essas tradições
atravessaram os séculos com os escolásticos,36 os reformadores,37 e mesmo entre os puritanos38 estiveram presentes.
Destarte, propuseram uma eclesiologia que asseveravam estar mais condizente com
o Novo Testamento do que os modelos de igrejas cristãs vigorantes e conhecidas
na Inglaterra até então.
O darbismo insistia no fim do clericalismo e da
institucionalização da igreja, o que considerava graves distorções e desvios
dos ensinos do Senhor Jesus Cristo e dos apóstolos. Entendiam que a igreja é
tão somente composta por aqueles que foram alcançados com a graça de Deus e
inseridos em uma grande assembleia de remidos, e que as tentativas de oferecer
a essa experiência real, mas invisível, qualquer forma concreta de organização
eclesiástica (as denominações) não passavam de invenções humanas.
O darbismo não possuía “organização definida,
ordem clerical, confissão de fé nem qualquer vínculo visível de união”39 (exceto a Ceia do Senhor),
e tampouco presidente ou ministros ordenados”,40 o que terminou gerando
desconfianças por parte de muitos quanto ao seu futuro e sobrevivência.
Entretanto, a despeito disso, o movimento cresceu e se espalhou por toda a
Anglo-saxônica, chegando à Rússia e demais países do Leste Europeu, além de
Iraque, Japão, China, Índia, Espanha, Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos,
Canadá, Ilhas Caraíbas, países da África, da América do Sul e de outros do
Extremo Oriente.41
No Brasil, as ideias darbistas chegaram através
de Richard Holden, clérigo inglês que trabalhou como pastor auxiliar do Dr.
Robert Reid Kalley42 na Igreja Evangélica Fluminense, nos idos de 1871.43 Com o desligamento, a
pedido próprio, de Ricardo Holden de suas funções pastorais diante da Igreja
Evangélica Fluminense, um grupo de doze pessoas decidiu também seguir esse
caminho,44 formando um núcleo dos Irmãos no Brasil em 07 de julho de 1878.45 Posteriormente, em
1896, Stuart Edmund McNair, um inglês de 29 anos de idade, desembarcou no
Brasil, organizando escolas bíblicas onde morava, trabalhando também na área da
literatura cristã.46
Os três movimentos alistados acima e descritos
propositalmente em épocas distintas da história, revela-nos de que a deserção
institucional no cristianismo não é nova e que sua proposta é persistente, pois
reapareceu diversas vezes por parte de grupos cristãos insatisfeitos.
Afinal, a institucionalização foi/é maligna?
Os desigrejados enxergam na institucionalização
do cristianismo a origem de todos os males da igreja. É inegável que muitos dos
problemas enfrentados pela igreja cristã no decorrer dos séculos, tais como
corrupção, mundanismo, proximidade com poderes temporais, fascínio pela riqueza
e, principalmente, pela política, tiveram, sim, sua fonte e origem em meio a um
processo de institucionalização, em que, gradualmente, perdeu-se a dimensão e
horizonte proféticos. Contudo, isto é apenas parte da história. E, certamente,
tais envolvimentos têm pouca relação com a instituição e muito mais com a
pecaminosidade do coração humano.
Há legados importantíssimos deixados para a
posteridade e que foram elaborados em meio aos processos institucionais pelos
quais a igreja passou e que sem esses legados (que podem ser vistos como
instrumentos da providência divina) o cristianismo ortodoxo dificilmente
sobreviveria até o século XXI, haja vista que nos primeiros séculos da era
cristã o mundo era povoado por religiões de mistério que se aproximaram
perigosamente do cristianismo. Muitas heresias procuravam emitir compreensões
acerca da pessoa de Jesus Cristo e não foram poucos os cristãos que se sentiram
atraídos por explicações esotéricas acerca do Salvador, a ponto dos próprios
apóstolos, como Paulo e João, escreverem cartas (colossenses e 1 e 2 epistolas
joaninas), condenando heresias que estavam entrando no seio da igreja.
Uma destas heresias perigosas foi o gnosticismo,
uma fórmula que mesclava conceitos do judaísmo, cristianismo, dualismo grego e
religiões de mistério que formavam uma mistura bombástica que poderia destruir
as bases teológicas do cristianismo se não fossem os Pais Apostólicos,47 os apologetas48 e os polemistas.49 Além do gnosticismo, o
cristianismo recebeu também ataques heréticos do ebionismo50 e marcionismo.51 Uma vez que após a morte52 de João, o último dos
apóstolos, a igreja não poderia contar mais com aqueles que receberam o
Evangelho diretamente de Jesus Cristo, a necessidade de explicar a fé e de
preservar o conteúdo bíblico sem quaisquer impurezas, levou os Pais da Igreja a
tomarem medidas institucionais para que a verdade sobre Jesus Cristo, ensinada
pelos apóstolos, não se perdesse em meio a tantas afirmações conflitantes sobre
o salvador. Que medidas institucionais foram essas?
Credo, Cânon e Concílios: legados da
institucionalização do cristianismo
Pense
em uma época em que qualquer pessoa poderia fazer qualquer afirmação acerca de
Jesus Cristo. Imagine alguém em uma praça pública ensinando que Jesus Cristo
não foi uma pessoa de carne e osso, mas, que, na verdade, possuía apenas uma
aparência humana, quase como a de um fantasma!53 Semelhantemente, fantasie
uma espécie de monge ministrando uma palestra para jovens e crianças, ensinando
que o Deus do Antigo Testamento era mal, caprichoso e violento, mais parecido
com um demiurgo54 e que o Deus do Novo Testamento, o pai amoroso de Jesus Cristo,
era outro Deus absolutamente diferente daquele ser perverso!55 Ou, para espanto geral,
considere um pastor ensinando que Jesus de Nazaré era a encarnação do Pai, isto
é, que quem sofreu na cruz não foi o Filho de Deus56 e, se não bastasse,
afirmasse também que o Espírito Santo fora criado pelo Filho e que era uma
espécie de servo do Pai e, também, do próprio Filho!57 Como avaliar tais
declarações em uma época em que os apóstolos não estavam mais vivos para
refutá-las e onde não havia instrumentos que servissem de análise e crivo? Como
defender a fé cristã contra os ataques que vinham de todas as direções e de
diferentes formas?58 A resposta da igreja veio de forma gradual, pensada e sistematizada.
Primeiramente, desenvolveram uma síntese doutrinária, em que uma série de
afirmações teológicas sobre Deus Pai, Filho, Espírito Santo e da obra da
redenção entre os homens foi elaborada com a finalidade de tentar explicar o
mistério da fé cristã, defendendo-a das heresias, preservando o conteúdo
bíblico, garantindo-o para toda a posteridade. A síntese ficou conhecida como o
Credo Apostólico.
O Credo dos Apóstolos foi parte do
“desenvolvimento da uma regra de fé”,59 ou seja, “uma declaração de fé para uso público”,60 sendo o mais antigo
documento que contém as doutrinas fundamentais do cristianismo61 e uma evidência da
necessidade de instrumentalização da igreja para lidar com os ataques
heréticos, uma vez que não contava mais com a presença dos apóstolos para
orientá-la. Roger Olson, autor da excelente História da Teologia
Cristã, reconhece que sem a estrutura organizacional, da qual o Credo
Apostólico foi uma das expressões, “qualquer pessoa podia corromper os ensinos
da igreja pela persuasão e carisma”.62
Outra medida por demais importante que preservou
a igreja cristã, sendo um marco na história do cristianismo, foi a oficialização
do Cânon do Novo Testamento. Obviamente, os vinte e sete livros que o
compõem não caíram milagrosamente sobre a cabeça dos cristãos daqueles
primórdios e difíceis tempos. Talvez muitos desigrejados assim pensem! Todavia,
a verdade é que o Cânon foi uma medida institucionalpara
combate/defesa contra heresias, especialmente, o marcionismo que elaborara um
Cânon próprio, onde continham apenas uma variação do Evangelho de Lucas e as
cartas paulinas (sem as epístolas pastorais). Percebendo o risco de não se ter
uma regra de fé que fosse uma verdadeira âncora para o cristianismo, os Pais da
Igreja iniciaram um processo de identificação e reconhecimento dos textos que
verdadeiramente poderiam ser considerados como inspirados pelo Espírito Santo e
reunidos em uma obra e que, à semelhança do Antigo Testamento, pudesse ser
lida, consultada e estudada para explanação, deleite e edificação da igreja. O
processo de canonicidade foi demorado, sendo concluído apenas no século IV, no
ano de 397, quando houve a oficialização do Cânon do Novo Testamento,
promulgado no Concílio de Cartago (atual Tunísia, no Norte da África).
E falando em concílio, há também uma terceira
contribuição extraordinária do cristianismo organizado / oficial/ ortodoxo /
institucional (escolha o termo preferido) para a história da igreja e também da
teologia. Trata-se da realização dos Concílios Ecumênicos! Na verdade, reuniões
em que pensadores e bispos dos primeiros séculos da Era Cristã, em longas e
detidas sessões, elaboram os principais conceitos teológicos do cristianismo.
Doutrinas como Trindade e a dupla natureza de cristo, por exemplo, pertencentes
ao núcleo central da fé evangélica, foram amplamente estudadas, sintetizadas,
definidas e explicadas em tais reuniões, garantindo de forma definitiva uma
base teórica extremamente sólida, demarcando o que era, de fato, o cristianismo
bíblico, delineando o que pode ser chamado de ortodoxia cristã. Os Concílios
mais importantes e considerados como normativos para a igreja são os de Nicéia
(325), Constantinopla I (381), Éfeso (431) e Calcedônia (451).
Considerações finais
Concluímos, portanto, que o movimento dos
desigrejados é tão somente a versão cristã protestante de um fenômeno
mais amplo de desvinculação institucional que vem ocorrendo mundialmente em
diversos segmentos da sociedade, sobretudo, no campo da religião, sendo,
destarte, um reflexo da pós-modernidade. Sendo assim, não há nada de
original na tendência. Também não se trata de uma novidade ou revolução dentro
do cristianismo, pois no decorrer da história diversos movimentos
tentaram despir a igreja de sua materialidade e concretude. Finalmente, a
institucionalização do cristianismo, longe de ser uma obra de satã (conforme os
desigrejados parecem sugerir), trouxe, na verdade, contribuições para a igreja,
ajudando os cristãos, através do Credo Apostólico, da oficialização do
Cânon do Novo Testamento e das afirmações doutrinárias elaboradas nos
Concílios, a identificarem o que, de fato, era a “fé que uma vez por todas foi
entregue aos santos” (Jd 3). Neste ponto específico, fica exposta a
contradição dos desigrejados contemporâneos, pois se a institucionalização da
igreja foi um dano para o cristianismo, por coerência, então, o movimento
deveria rejeitar consequentemente seus legados diretos (Credo, Cânon e
Concílios). Contudo, por inconsistência ou conveniência jamais escreveram (até
onde se sabe) uma só linha contra tais expedientes da fé cristã.
O futuro do movimento
Qual será o futuro dos desigrejados? É provável
que muitos permaneçam desiludidos e reticentes em retornar à frequência
eclesial. Preferirão permanecer no ceticismo comunitário. Outros, talvez
encontrem modelos mais espontâneos e informais para compartilhar a fé cristã.
Há ainda aqueles que retornarão às comunidades históricas. Após um período de
desilusão institucional e de passarem por experiências sofríveis no anseio de
praticar o cristianismo, é provável que cheguem à conclusão de que a igreja,
mesmo com seus defeitos (expressão de nossa pecaminosidade), é o melhor lugar
para congregar, compartilhar e defender a fé. Previsões e literaturas já foram
apresentadas tratando deste problema. O falecido ministro da Convenção Batista
Brasileira, Darcy Dusilek, alertou sobre a necessidade de as igrejas
desenvolverem ferramentas para trabalhar com aqueles que se desiludiram com o
cristianismo e que se tornaram agnósticos religiosos. O alerta foi dado em
1997. Não se falava em desigrejados e tampouco é o público a quem Dusilek se
refere, porquanto seu foco é o crente que se desapontou com o
neopentecostalismo63 e que sem forças para recomeçar a jornada espiritual poderá ser
auxiliado pelas comunidades mais equilibradas liturgicamente e saudáveis em sua
teologia e prática missional, na esperança e tentativa de uma nova caminhada
nas veredas do Evangelho. Contudo, o alerta de Darci Dusilek pode ser aplicado
também em relação aos desigrejados, isto é, muitos dos atuais desencantados com
a igreja, uma vez percebendo o equívoco do abandono institucional, poderão
recomeçar a vida nas igrejas mais sadias, haja vista que uma parcela
significativa dos desigrejados é constituída por aqueles que sofreram abuso
espiritual ou que tiveram de lidar com ensinos e práticas controvertidas
(talvez, até mesmo heréticas), conforme relatado no primeiro capítulo desta
pesquisa. Assim, ao encontrarem uma comunidade que seja uma antítese a tudo que
antes viveram, a reaproximação eclesial poderá ser provável ou, até mesmo,
inevitável.
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1Revistas Cristianismo Hoje, Igreja e Defesa da Fé.
2Revistas Isto É, Época e
o Jornal Folha de São Paulo.
3O Bureau de Pesquisa e Estatística
Cristã, um instituto privado de pesquisa, radicado em São Paulo,
pontua
que já se aproxima de nove milhões o número de desigrejados no Brasil. Cf.
www.bepec.com.br. Acessado em: 07 nov. 2013.
4Entre os anos de 2010 e 2013.
5O Peregrino e o Convertido,
por exemplo. Obra de Danièle Hervieu–Lèger, socióloga francesa e especialista
nos estudos sobre religião.
6Cristianismo Pagão é um
exemplo. O livro foi escrito nos Estados Unidos da América por Frank
Viola, um dos mais ferrenhos defensores do movimento dos desigrejados.
7BAUMAN, Zygmunt. Tempos Líquidos. Rio de Janeiro: Zahar,
2007, p.7.
9FERNANDES, Carlos. “Desigrejados,
fenômeno que cresce”. Cristianismo Hoje. Niterói, edição 37,
ano 7, 2013. p. 23. Informações complementares quanto à pesquisa aplicada pelo
BEPEC poderão ser encontradas nos sites: www.bepec.com.br ou www.genizahvirtual.com.br.
10CAMPOS, Idauro. Desigrejados – teoria, história e contradições
do niilismo eclesiástico. São Gonçalo: Editora Contextualizar,
2013.p.27.
11LÉORNARD, Émile G. O Protestantismo Brasileiro. São
Paulo: Aste, 2002.p.84.
12CAMPOS, Idauro. Op. Cit. P. 33-87.
13Feridos em Nome de Deus e Decepcionados com a Graça, respectivamente.
14ROMEIRO, Paulo. Decepcionados com a Graça. São Paulo: Mundo
Cristão, 2005.p.42
15Ibid.
16Reverendo Caio Fábio, por exemplo.
17Frank Viola e George Barna.
18Há muitos leitores brasileiros das obras de Frank Viola. Seu best-seller,
Cristianismo pagão, é amplamente divulgado na Internet, onde circula
livremente versões em PDF.
19A controvertida “conversão” do Imperador Constantino ao cristianismo
aconteceu no ano 312.
20Frank Viola.
21VIOLA, Frank. Cristianismo pagão. São Paulo: Abba
Press, 2008.p.41.
22Cristianismo Pagão, Reimaginando
a Igreja, Repensando o Odre.
23Ocorrido em 380, com o Imperador Teodósio.
24Os presbíteros ou anciãos (2Tm 5.17; 1Pe 5.1).
25FERNANDES, Carlos. Op.Cit.p. 23.
26BARNA, George. Revolução. São Paulo: Abba Press, 2007.
27OLSON, Roger. História da Teologia Cristã. São Paulo:
Vida, 1999.p.30.
28Ibid.p.31.
29WALKER, W. História da Igreja Cristã. São Paulo: Aste,
2006.p.86.
30OLSON, Roger. Op.Cit.p.30.
31Ibid.
32DELUMEAU, Jean. Mil Anos de Felicidade. São Paulo:
Companhia das Letras, 1997. p.48.
33Ibid.
34Cidade do Sudoeste da Inglaterra, às margens do rio Plym.
35PFANDL, Gerhard. Rapto Secreto: As surpreendentes origens da
visão teológica dispensacionalista. Disponível em:
http://www.monergismo.com.br/ Acesso: 17 fev. 2012.
36Monges que desenvolveram uma abordagem metódica que visava à conciliação
entre fé e razão. O método foi amplamente empregado nas Universidades da Europa
na Idade Média.
37Grupo de líderes cristãos dos séculos XVI e XVII que promoveram o
movimento historicamente conhecido como Reforma Protestante.
38Clérigos da Igreja Anglicana que, insatisfeitos com a reforma da igreja
inglesa, que julgavam por demais filocatólica, romperam com a mesma em busca de
uma igreja mais “pura”. Nesse núcleo de clérigos encontram-se as raízes de
importantes grupos cristãos protestantes como os congregacionais, batistas e presbiterianos.
39MILLER, Andrew. Os Irmãos. Diadema: Depósito de
Literatura Cristã, 2005.p.25. O autor foi testemunha do movimento darbista.
40Ibid.
41DOOLAN, Arnold. Um esboço Histórico do Movimento Conhecido como
Irmãos. Disponível em www.irmaos.net/historia/plymouth.html
Acesso: 17 de fev. 2012.
42ROCHA, João Gomes da. Lembranças do Passado: Robert Reid Kalley. Rio
de Janeiro: Novos Diálogos, 2013.p.253.
43FORSYTH, Willian B. Jornada do Império: vida e obra do Dr.
Kalley no Brasil. São José dos Campos: FIEL, 2006.p.194-195.
44Primeira divisão dentro do protestantismo brasileiro.
45Disponível em www.ultimato.com.br. Acesso em 17.02.2012.
46Ibid.
47Termo histórico aplicado a alguns dos líderes cristãos, discípulos dos
apóstolos (como Policarpo e Clemente de Roma) e também a escritos que
circulavam antes da oficialização do Cânon do Novo Testamento (Didaquê e a
Epístola de Barnabé, são exemplos) e que auxiliaram a igreja no combate a
determinadas heresias esotéricas e legalistas que circulavam já no final do
século I.
48Escritores cristãos do século II que procuram defender o cristianismo de
críticos pagãos, argumentando às autoridades (Justino Mártir é um dos mais
conhecidos).
49Escritores cristãos que dirigiam seus textos diretamente aos mestres
heréticos (Irineu de Lião é o nome de maior destaque entre os polemistas).
50Heresia judaico – cristã do século I que defendia a salvação pela
obediência à lei.
51Marcion (85-160 d.C), armador cristão de Sínope (Atual Turquia) que
ensinava a existência de dois deuses antagônicos (o da velha aliança e o Pai
amoroso de Jesus Cristo), defendendo também a noção de incoerência entre o
Antigo e o Novo Testamentos. Elaborou um Cânon próprio das Escrituras do NT.
52Final do século I, provavelmente.
53Afirmação do Docetismo.
54Entidade menor do panteão de deuses do gnosticismo.
55Afirmação do marcionismo.
56Heresia patripassianista. Ensinada por Noeto de Esmina e Práxeas no
final do século II.
57Heresia pneumatomaquista. Ensinada por Macedônio I, no século IV.
58De autoridades seculares (Celso e Imperadores Romanos), líderes
religiosos heréticos (Valentino, por exemplo) e legalistas (os ebionitas).
59CAIRNS, Earle E. O Cristiansimo Através dos Séculos. São
Paulo: Vida Nova, 1995.p.95.
60Ibid.
61Ibid.
62OLSON, Roger. Op. cit. p. 129.
63DUSILEK, Darcy. O Futuro da Igreja no Terceiro Milênio. Rio de Janeiro:
Horizonal Editora, 1997.p.94-95.
OBSERVAÇÃO: O Artigo acima foi extraído do site http://www.teologiabrasileira.com.br/teologiadet.asp?codigo=390.
O Pr. Idauro Campos é Pastor da Igreja
Congregacional de Niterói (RJ), pós - graduado em Teologia Contemporânea,
mestre em Ciências da Religião pós – graduando em História da Igreja e autor do
livro, “Desigrejados – Teoria, história e contradições do niilismo
eclesiástico”. Tem 40 anos de idade, é casado com Sandra e pai de Simone.