O Pr. Gilson Soares dos Santos é casado com a Missionária Selma Santos, tendo três filhos: Micaelle, Álef e Michelle. É servo do Senhor Jesus Cristo, chamado com santa vocação. Bacharel em Teologia pelo STEC (Seminário Teológico Evangélico Congregacional), Campina Grande/PB; Graduado em Filosofia pela UEPB (Universidade Estadual da Paraíba); Pós-Graduando em Teologia Bíblica pelo CPAJ/Mackenzie (Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper). Professor de Filosofia e Teologia Sistemática no STEC. Professor de Teologia Sistemática no STEMES, em Campina Grande - Paraíba. Pastor do Quadro de Ministros da Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil (AIECB). Pastoreou a Igreja Evangélica Congregacional de Cuité/PB, durante 15 anos (1993-2008). Atualmente é Pastor Titular da Igreja Evangélica Congregacional em Areia - Paraíba.

25 de outubro de 2013

O marketing do público-alvo: estratégia contraproducente para plantar igrejas

O MARKETING DO PÚBLICO-ALVO: ESTRATÉGIA CONTRAPRODUCENTE PARA PLANTAR IGREJAS

Pr. Gilson Soares dos Santos

Para se abrir um negócio, há uma série de fatores que precisam ser considerados. Um desses fatores, o principal, é definir o público-alvo. O marketing do público-alvo, para aqueles que estão abrindo uma empresa, é fundamental, pois é importante se identificar a faixa etária, o nível de renda e até o estado civil dos possíveis clientes. Isto quando se pensa em abrir um negócio na área secular e oferecer um produto comercial. Porém muitas denominações evangélicas têm usado a mesma estratégia para plantar igrejas. Consideremos o assunto nas linhas a seguir.

Muitas denominações estabelecem o público-alvo que querem alcançar: jovens profissionais dos bairros nobres, casais de classe média alta, com alto padrão de vida. Outras têm como público-alvo os empresários, por isso criaram cultos e reuniões direcionadas para esse público. Afinal de contas, é preciso combinar o apelo do seu “produto” aos interesses e necessidades da clientela. São poucas as denominações que querem alcançar os pobres, os moradores das favelas e periferias das cidades. São poucas que direcionam sua pregação ao sertanejo que mora na zona rural das cidades do sertão nordestino.

Uma coisa precisa ser entendida: mesmo aquelas denominações que têm como público-alvo apenas os pobres, e isso são poucas, estão erradas, pois o público-alvo da pregação do Evangelho é toda criatura e a criatura toda. As Sagradas Escrituras nos dizem que “Deus não faz acepção de pessoas.” (At 10.34). Essa afirmação do apóstolo Pedro é reiterada em diversos outros textos da Bíblia, mostrando que o Senhor Jesus Cristo não faz acepção de pessoas. Qual o público-alvo na Grande Comissão? Toda criatura. Todas as nações.

Para que não seja mal interpretado, não quero dizer que não tenhamos metas. Também sei que existem períodos em que nossa concentração evangelística é maior no alcance de um povo, todavia não devemos ter um público seleto durante toda a vida. Talvez alguém alegue que o apóstolo Paulo foi designado para a pregação a um grupo seleto, os gentios, conforme encontramos em Gálatas 2.9: “e, quando conheceram a graça que me foi dada, Tiago, Cefas e João, que eram reputados colunas, me estenderam, a mim e a Barnabé, a destra da comunhão, a fim de que nós fôssemos para os gentios, eles, para a circuncisão”. Entretanto, corrigimos duas coisas nesta alegação: a primeira é que a igreja, representada aqui por aqueles que eram reputados como colunas, enviou Paulo e Barnabé, em parceria, aos gentios, porém os outros foram aos da circuncisão. Nisto fica claro que os gentios não eram público-alvo exclusivo da igreja; a segunda é que Paulo não somente pregou aos gentios durante toda a sua vida. Isto fica evidente em textos como Romanos 11.13,14: “Dirijo-me a vós outros, que sois gentios! Visto, pois, que eu sou apóstolo dos gentios, glorifico o meu ministério, para ver se, de algum modo, posso incitar à emulação os do meu povo e salvar alguns deles.” (grifo meu). Paulo considerava-se devedor a todos, por isso ele diz: “Pois sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes; por isso, quanto está em mim, estou pronto a anunciar o evangelho também a vós outros, em Roma. Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego;” (Rm 1.14-16).

O problema maior do marketing do público alvo é a adaptação do Evangelho. No propósito de atingir um grupo seleto, algumas denominações têm transformado o Evangelho em “outro evangelho”, alegando que estão contextualizando a mensagem. O que estão fazendo é abrir mão do genuíno Evangelho, que “é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê”, por outro evangelho mais “simpático” aos ouvintes.

Não acredito que exista um evangelho para os pobres, outro para os ricos. Um evangelho para os adolescentes e jovens, outro para os velhos. O Evangelho é o mesmo para todos. Por isso o mundo inteiro é o público-alvo da igreja.

É possível que muitas igrejas sejam plantadas. É fato que as denominações que trabalham com o marketing do público-alvo estão cheias, superlotadas. Porém não há nenhuma produção em favor do Reino, mas em prol da ambição humana, do reino do homem.