O Pr. Gilson Soares dos Santos é casado com a Missionária Selma Santos, tendo três filhos: Micaelle, Álef e Michelle. É servo do Senhor Jesus Cristo, chamado com santa vocação. Bacharel em Teologia pelo STEC (Seminário Teológico Evangélico Congregacional), Campina Grande/PB; Graduado em Filosofia pela UEPB (Universidade Estadual da Paraíba); Pós-Graduando em Teologia Bíblica pelo CPAJ/Mackenzie (Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper). Professor de Filosofia e Teologia Sistemática no STEC. Professor de Teologia Sistemática no STEMES, em Campina Grande - Paraíba. Pastor do Quadro de Ministros da Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil (AIECB). Pastoreou a Igreja Evangélica Congregacional de Cuité/PB, durante 15 anos (1993-2008). Atualmente é Pastor Titular da Igreja Evangélica Congregacional em Areia - Paraíba.

11 de novembro de 2013

A razão somente: o relacionamento entre fé e razão, em Kant

A RAZÃO SOMENTE: O RELACIONAMENTO ENTRE FÉ E RAZÃO, EM KANT

Gilson Soares dos Santos

Para Immanuel Kant (1774-1804), filósofo nascido em Konigsberg, Prússia Oriental, homem de vida altamente regrada, a função e o papel da fé proporcionam um conjunto de temáticas dignas de serem avaliadas, tanto na reflexão filosófica quanto na teológica, mas somente no domínio da razão. Para ele, em se tratando de qual método é uma fonte fidedigna da verdade, a razão somente é suficiente. Toda a verdade pode ser descoberta pela razão humana. Conscientemente, Kant transporta a religião para o domínio da razão prática. Nesse sentido, todos os elementos pertencentes à religião devem ser submetidos à razão.

Transcrevemos, nessa postagem, o que Norman Geisler e Paul D. Feinberg expõem sobre a posição de Kant a respeito deste tema: fé e razão ou religião e razão.

Acompanhe o texto:

Kant [...] era de tradição luterana, devota e piedosa. Na sua famosa Crítica da Razão Pura, que lançou os alicerces para boa parte do agnosticismo moderno, Kant alegou que estava criticando a razão especulativa (teorética) a fim de “criar um lugar para a fé”.

A razão exige que vivamos “como se existisse um Deus”.

A despeito do fato de que não podemos saber (mediante a razão especulativa) se Deus existe, devemos viver como se houvesse um Deus, porque nossa razão prática (moral) assim exige. Ou seja: a razão exige que postulemos a existência de Deus a fim de que o nosso dever moral nesta vida faça sentido. A não ser, pois, que vivamos como se Deus existisse, não há maneira de cumprir o mandamento no sentido de galgar o bem supremo.

A razão exige que vivamos “como se os milagres não ocorressem”

A essência daquilo que Kant realizou, no entanto, é retratada no título do seu livro, A religião dentro dos limites da simples razão somente. Pelo emprego daquilo que Kant chamava de “razão prática”, acreditava, que não houvesse revelação sobrenatural da parte de Deus na Bíblia. Insistia, no entanto, que devemos julgar toda a alegada revelação sobrenatural por meio da “razão prática somente”. Sustentava, por exemplo, que a razão exige que abramos mão da crença na ressurreição de Cristo e, de fato, em qualquer ensinamento bíblico contrário a esta “razão”. A respeito desta abordagem racional, Kant reconheceu que “frequentemente esta interpretação pode, à luz do texto [da revelação], parecer forçada – talvez muitas vezes realmente seja forçada.” Quanto a qualquer milagre bíblico, Kant insistiu que se o milagre “diretamente contradiz a moralidade, não pode, a despeito de todas as aparências, ser da parte de Deus (por exemplo, quando um pai é ordenado a matar seu filho [como no caso de Abraão em Gênesis 22]).”

(GEISLER, Norman L. FEINBERG, Paul D. Introdução à Filosofia – uma perspectiva cristã. São Paulo: Vida Nova, 1989. p. 204.).