O Pr. Gilson Soares dos Santos é casado com a Missionária Selma Santos, tendo três filhos: Micaelle, Álef e Michelle. É servo do Senhor Jesus Cristo, chamado com santa vocação. Bacharel em Teologia pelo STEC (Seminário Teológico Evangélico Congregacional), Campina Grande/PB; Graduado em Filosofia pela UEPB (Universidade Estadual da Paraíba); Pós-Graduando em Teologia Bíblica pelo CPAJ/Mackenzie (Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper). Professor de Filosofia e Teologia Sistemática no STEC. Professor de Teologia Sistemática no STEMES, em Campina Grande - Paraíba. Pastor do Quadro de Ministros da Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil (AIECB). Pastoreou a Igreja Evangélica Congregacional de Cuité/PB, durante 15 anos (1993-2008). Atualmente é Pastor Titular da Igreja Evangélica Congregacional em Areia - Paraíba.

5 de fevereiro de 2014

Um pequeno estudo sobre o budismo


UM PEQUENO ESTUDO SOBRE O BUDISMO

Pr. Gilson Soares dos Santos

Nem preciso dizer que o budismo está em moda. Está em moda mesmo, porque tudo aquilo que a rede globo de televisão promove vira moda.

Hoje estou postando um pequeno estudo sobre o budismo, extraído, da Revista Didaquê: Estudos Bíblicos, Nº 65, da Editora Didaquê.




BUDISMO

Atualmente observa-se um curioso fato no cenário religioso brasileiro: o aumento de praticantes do budismo. O país já conta com alguns mosteiros budistas.

De fato, é grande a propaganda em torno do budismo. Isso, não apenas no Brasil, mas na verdade, em todo o mundo ocidental. Nas décadas de 1960 e 1970, por exemplo, no auge do movimento hippie, fez muito sucesso o livro de Sidarta, do alemão Herman Hesse, cuja narrativa se passa na Índia do sexto século antes de Cristo. O livro conta a busca espiritual de um jovem chamado Sidarta que viveu na mesma época daquele que mais tarde seria conhecido como Buda, “o iluminado”. Ainda na década de 1970 o seriado de televisão Kung Fu, e na década de 1980 os filmes da série Karatê Kid fizeram apologia, isto é, uma defesa do budismo. Nos últimos anos o Dalai Lama, o famoso líder espiritual tibetano tem se tonado um autêntico pop star. Quando o Dalai Lama esteve no Brasil, auditórios ficaram lotados, cheios de pessoas ávidas por ouvir seus ensinamentos.

Em um nível mais popular, é bastante comum encontrar em casas, escritórios, restaurantes e até estabelecimentos comerciais, uma estátua de Buda, apresentado como um homem com feições orientais, muito gordo, em posição de meditação, acredita-se que isso dá sorte.

O budismo é um desafio ao Cristianismo, quanto à missão da igreja.

1 – BREVE HISTÓRICO DO BUDISMO

Por volta do quinto século antes de Cristo viveu um jovem nobre na Índia, por nome Gautama. Um dia, abandonou a riqueza de seu lar, sua esposa e filho, e saiu vagueando como um mendigo, à procura de iluminação espiritual. Após um período de meditação, recebeu a iluminação que tanto esperava. Recebeu o título de “Buda” – O iluminado. Passou o resto de sua vida transmitindo seus ensinamentos. Contra a sua vontade, Gautama foi considerado como uma divindade pelos seus seguidores. Apesar de ter nascido na Índia, e apesar da intensa tradição religiosa da cultura indiana, seu ensino atraiu mais seguidores na China, no Japão, na Coréia, na Tailândia, no Vietnã e regiões vizinhas. O budismo tem estado presente também no Ocidente, de modo que, séculos passados desde seu início, hoje há milhões e milhões de seguidores de seus ensinamentos.

2 – PRINCIPAIS DOUTRINAS E PRÁTICAS BUDISTAS

Assim como outras grandes religiões, o budismo é bastante dividido, isto é, não existe apenas um único budismo. Há, por exemplo, o budismo zen, japonês, mais filosófico que o budismo tibetano, cujo principal e mais conhecido representante é o já citado Dalai Lama.

O budismo não prega a crença em um ser supremo, uma entidade espiritual superior. Consequentemente, não tem uma prática de oração. Devido a isso, curiosamente o budismo tem sido chamado algumas vezes de “religião de ateísmo prático”. Assim, o budismo é mais uma filosofia, do que propriamente uma religião.

O ensino budista pode ser resumido nas chamadas: “Quatro verdades nobres”, que são:

1.     O sofrimento é universal.
2.     O sofrimento é causado pelo desejo.
3.     Eliminar o sofrimento é eliminar o desejo.
4.     Um caminho deve ser seguido para se alcançar a eliminação do desejo.

Este caminho, conforme o ensino budista, tem oito passos:

1.     Crença correta;
2.     Sentimentos corretos;
3.     Fala correta;
4.     Conduta correta;
5.     Maneira de viver correta;
6.     Esforço correto;
7.     Memória correta;
8.     Meditação correta.

Quem se propõe nestes caminhos tem que obedecer a dez mandamentos, (na verdade, são dez proibições). Assim, é proibido:

1.     Matar;
2.     Roubar;
3.     Adulterar;
4.     Mentir;
5.     Ingerir bebida alcoólica;
6.     Comer durante o período de jejum;
7.     Dançar, cantar ou qualquer forma de diversão;
8.     Usar perfumes e ornamentos;
9.     Dormir em camas que não estejam armadas no chão;
10.  Aceitar ouro ou prata como esmola.

É interessante observar que, destas dez proibições, as quatro primeira aparecem no Decálogo, isto é, os Dez Mandamentos da tradição judaico-cristã.

3 – O BUDISMO À LUZ DA BÍBLIA

O contraste apresentado a seguir, entre algumas crenças budistas e o ensino bíblico, tem como base o Dicionário da Religiões, Crenças e Ocultismos (Ed. Vida, 2000, pp. 62-64):

Deus – O budismo não crê em um único Deus pessoal e  Todo Poderoso como se crê no ristianismo. Toda revelação bíblica respousa no fato da existência de Deus (Hb 11.6).

Salvação – O budismo entende que a salvação está na libertação do desejo. Tal salvação seria obtida totalmente sem ajuda externa. Não há no budismo um conceito de perdão de pecados, tal como encontramos no pensamento bíblico. Também não há um conceito de “salvador” no budismo, pois, conforme seu entendimento, cada um tem que resolver seu próprio problema. No cristianismo, em nítido e evidente contraste, depende-se de Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador, para a redenção humana (Jo 3.16).

Vida moral – O budismo apregoa uma ética pessoal elevada. Entretanto, há que se considerar que falta ao budismo uma ênfase clara no amor a Deus acima de todas as coisas (Dt 6.5), e ao próximo como a si mesmo (Lv 19.18), o que é absolutamente central no cristianismo.

Na condição de seguidores de Jesus, o Príncipe da Paz, como devemos agir em relação a budistas? Que desafios o interesse ocidental pelo budismo apresenta aos cristãos?

Estas perguntas são importantes. Quanto a tais questões, podemos pensar pelo menos no seguinte:

·         O budismo dá muita ênfase à paz interior. Cristãos que vivem aflitos e angustiados dificilmente conseguirão atrair para Jesus pessoas desejosas de paz.
·         De igual modo, o budismo dá muita ênfase à prática da meditação. Há uma rica tradição cristã de meditação (e é bom que se diga que a meditação cristã é totalmente diferente da meditação transcendental do induísmo e do budismo), mas que infelizmente tem sido ignorada e desprezada. Seria o caso da se resgatar a autêntica ênfase na meditação cristã;
·         Evangelizar um budista convicto não é tarefa fácil. Tal tarefa só terá êxito se executada com humildade, respeito e dependência da orientação e do poder do Espírito Santo.

Que Deus nos ajude a compartilhar nossa esperança em Jesus para com nossos vizinhos e amigos budistas.

Rev. Carlos Ribeiro Caldas Filho

Revista Didaquê: Estudos Bíblicos. Religião não se discute! Quem disse? Nº 65, pp. 10-12, Janeiro 2004. Editora Didaquê.