O Pr. Gilson Soares dos Santos é casado com a Missionária Selma Santos, tendo três filhos: Micaelle, Álef e Michelle. É servo do Senhor Jesus Cristo, chamado com santa vocação. Bacharel em Teologia pelo STEC (Seminário Teológico Evangélico Congregacional), Campina Grande/PB; Graduado em Filosofia pela UEPB (Universidade Estadual da Paraíba); Pós-Graduando em Teologia Bíblica pelo CPAJ/Mackenzie (Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper). Professor de Filosofia e Teologia Sistemática no STEC. Professor de Teologia Sistemática no STEMES, em Campina Grande - Paraíba. Pastor do Quadro de Ministros da Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil (AIECB). Pastoreou a Igreja Evangélica Congregacional de Cuité/PB, durante 15 anos (1993-2008). Atualmente é Pastor Titular da Igreja Evangélica Congregacional em Areia - Paraíba.

5 de agosto de 2014

Escatologia: O Pre-Milenismo Histórico


ESCATOLOGIA: O PRE-MILENISMO HISTÓRICO

Pr. Gilson Soares dos Santos

1 A concepção pré-milenista histórica

     Vejamos a definição desta corrente escatológica nos dizeres de Charles C. Ryrie (2011, p. 523):

É a visão que afirma que a Segunda Vinda de Cristo ocorrerá antes do milênio. Isso resultará no estabelecimento do reinado de Cristo nesta Terra por um período literal de mil anos. Também entende que haverá muitas ocasiões em que ressurreições e juízos ocorrerão. A eternidade começará após esses mil anos serem concluídos. Dentro do pré-milenismo, existem visões diferentes sobre quando o arrebatamento ocorrerá.
Todas as formas do pré-milenismo entendem que o milênio virá após a segunda vinda de Cristo.

     Na explicação de Erickson (1997, p. 511) o pré-milenismo pode ser entendido da seguinte forma:

O pré-milenismo devota-se ao conceito de um reinado terreno de Jesus Cristo, com duração de cerca de mil anos (ou, pelo menos um período substancial de tempo). [...] entende que Cristo estará fisicamente presente durante esse tempo; crê que Jesus retornará de forma pessoal e física, a fim de iniciar o milênio. Sendo assim, o milênio deve ser considerado ainda futuro.

1.1 Ordem dos eventos no pré-milenismo histórico

     Ferreira e Myatt (2008, p. 1102) descrevem a ordem dos eventos no pré-milenismo da seguinte forma:

Segundo o pré-milenismo histórico, a ordem dos eventos pode ser assim resumida: 1) época presente da igreja, da evangelização e da apostasia do homem; 2) grande tribulação de sete anos, ascensão do anticristo e perseguição da igreja; 3) volta de Cristo, arrebatamento, primeira ressurreição e batalha do Armagedom', 4) inauguração do milênio e prisão de Satanás no abismo; 5) fim do milênio, soltura de Satanás e rebelião das nações; 6) derrota final de Satanás, ressurreição dos ímpios e julgamento final; 7) estado eterno.

1.2 Argumentos oferecidos pelo pré-milenismo histórico

     Vejamos, segundo Norman Geisler (2010, p. 940), os argumentos oferecidos pelo pré-milenismo histórico:

(1) Explica melhor a promessa incondicional de terra feita a Abraão e seus descendentes (Gn 12; 14,15).
(2) Permite um melhor entendimento da aliança incondicional davídica (de que seu descendente iria reinar para sempre — 2 Samuel 7.12ss.).
(3) E necessário para o cumprimento de numerosas previsões do Antigo Testamento sobre uma era messiânica (cf. Is 9; 60; 65).
(4) Explica a promessa de Jesus de que Ele e Seus apóstolos reinarão sobre tronos em Jerusalém (Mt 19.28).
(5) Esta baseado na resposta de Jesus a pergunta dos discípulos a respeito de restaurar o reino de Israel (At 1.5-7).
(6) Confirma a declaração de Paulo, de que Cristo ira reinar ate que a morte seja derrotada (1 Co 15.20-28).
(7) E consistente com a promessa de Romanos 11, de que Israel será restaurado.
(8) Estabelece a interpretação literal de que Cristo e os santos ressuscitados irão reinar durante “mil anos” (Ap 20.1-6).

1.3 Defensores do pré-milenismo histórico

     Veja o que apresenta Ferreira e Myatt (2008, p. 1101):

O chamado pré-milenismo histórico foi a posição dominante dos pais da igreja na teologia, entre os séculos II e IV. Entre esses pais da igreja, podemos mencionar Justino de Roma, Irineu de Lion, Tertuliano e Cipriano, embora existissem outras interpretações sobre o milênio. Papias, que, segundo a tradição, foi discípulo do apostolo João, cria na ideia de um reino literal de mil anos na Terra, depois da segunda vinda de Cristo. Essa é a noção que define o pré-milenismo. Ao defender o milênio, esses pensadores entendiam que estavam defendendo a ortodoxia cristã de três maneiras: 1) apoiando a apostolicidade e canonicidade do Apocalipse contra os que combinaram a negação desse livro com a rejeição ao milenismo; 2) opondo-se aos gnósticos, que espiritualizavam a doutrina cristã, destruindo a esperança do futuro; 3) opondo-se aos cristãos platônicos, como Orígenes, cuja rejeição de um milênio literal era baseada numa hermenêutica alegórica e que revelava um menosprezo idealista para com a criação.
Durante a Reforma protestante, William Tyndale e muitos dos anabatistas defenderam o pré-milenismo.
No século XVII, vários puritanos também afirmaram esta posição, como William Twisse, que presidiu a assembleia que preparou a Confissão de Fé de Westminster, Thomas Goodwin, William Bridge e Jeremiah Burroughs.  Quase todos os puritanos da Nova Inglaterra eram pré-milenistas, entre eles, Cotton Mather. Entre os batistas são contados, Benjamin Keach e John Gill, e entre os pietistas alemães, Phillip Jakob Spener e Johann A. Bengel.
No grande avivamento do século XVIII, Charles Wesley e Augustus Toplady afirmaram o pré-milenismo, assim como os irmãos Andrew e Horatius Bonar e C. H. Spurgeon, no século XIX, na Escócia e na Inglaterra.
Entre os teólogos contemporâneos que afirmam esta posição estão Oscar Cullmann, Russell Shedd, George Eldon Ladd, Wayne Grudem, R. K. McGregor Wright e Millard Erickson.

     Outros nomes a favor do pré-milenismo, são: Clemente de Alexandria (150 – 215), O puritano Cotton Mather (1663-1728), Crififith Thomas (1861-1924), James Montgomery Boice (1938-2000).



BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA


ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1997.

FERREIRA, Franklin; MYATT, Alan. Teologia Sistemática: Uma análise histórica, bíblica e apologética para o contexto atual. São Paulo: Vida Nova, 2008.

GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD. 2010.

RYRIE, Charles C. Teologia Básica ao Alcance de Todos. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.