ÉTIENNE GILSON: ESSÊNCIA E EXISTÊNCIA NO TOMISMO
Gilson
Soares dos Santos
Étienne Gilson foi um historiador da
Filosofia Medieval. Nasceu no dia 13 de Junho de 1884, em Paris, e morreu em 19
de Setembro de1978. Foi um dos mais dedicados intérpretes da Filosofia de Agostinho,
Abelardo, Dante e São Boaventura, mas principalmente da Filosofia Tomista
(Tomás de Aquino).
Segundo o pensamento gilsoniano, o tomismo
torna-se interessante porque foi São Tomás de Aquino quem descobriu a chave
metafísica que Aristóteles desconhecia, isto é, a distinção entre essência e existência.
É claro, não se pode negar o grande avanço do pensamento aristotélico ao
distinguir potência e ato, no devir, e matéria e forma, no ser.
No entanto, segundo Gilson, Aristóteles não chegou a distinguir entre essência
e existência. Essa conquista caberia a São Tomás de Aquino.
Porém, Étienne Gilson entende que Tomás de
Aquino só alcançou isto devido a Revelação de um Deus criador. Isto pode ser
entendido da seguinte forma: a Filosofia grega vê Deus como aquele que dá forma
à matéria; a filosofia tomista, por sua vez, vê Deus como actus essendi.
A essência é a natureza de cada coisa,
mas é inerte, vazia. Somente com a intervenção do actus essendi, a
existência estendida, é que acontece a concretização da essência. Pensemos
segundo o conceito tomista, assim interpretado por Gilson: Um homem, um cavalo,
uma árvore são substâncias, porém, nenhum deles é a própria existência, embora eles
sejam um homem que existe, um cavalo que existe e uma árvore que existe.
Entretanto, recebem de outro a sua existência.
O que isso acrescenta é uma conclusão
interessante, segundo o pensamento de Étienne Gilson: todas as coisas que têm
essência distinta da existência exigem uma Causa Primeira. Então, de acordo com
o pensamento gilsoniano, partindo da teoria de Tomás de Aquino podemos chegar a
existência de Deus. Pois somente Deus é a Causa Primeira que existe em si
mesma. Aquilo que existe por si mesmo não pode ter uma causa primeira, “é esse
ser que nós chamamos Deus.”.